segunda-feira, 26 de março de 2012

Grupos indígenas e sua distribuição


Os agrupamentos humanos que os europeus encontraram na América não eram originários deste continente. Sua origem até hoje constitui umenigma para os cientistas, os quais elaboraram várias teorias para explicar de onde vieram os primeiros povoadores da América. Para alguns pesquisadores, eles teriam vindo da Atlântida, que segundo a lenda havia existido entre o norte da África e a América e fora tragada pelas águas do oceano. Outros estudiosos consideram que os indígneas são autóctones, isto é, originaram-se do próprio continente americano.As teorias mais aceitas atualmente afiram que o estabelecimento de seres humanos em solo americano deve-se às migrações ocorridas há milhares de anos através do estreito de Bering ou de ilhas da Oceania. Ao longo dos séculos, esses agrupamentos humanos se fixaram no continente, e quando os europeus chegaram à América já existiam grupos indígneas desde a Patagônia ao Alasca. Constituíam sociedades diferenciadas, e os únicos que apresentavam instituições sociais e políticas complexas (classes sociais e estado) eram os maias (na AMérica Central), os astecas (no atual México) e os incas (no Peru).Quanto aos indígenas que viviam na banda oriental do rio Uruguai e as áreas próximas, sabe-se que não eram numerosos e que deixaram poucos vestígios materiais sobre o seu modo de vida antes da chegada dos colonizadores. Por isso, a classificação etnográfica desses povos se baseia em informações coletadas dos contatos estabelecidos entre eles e os europes que ocuparam a região.Muitas são as classificações dos povos indígenas que viviam entre o oceano Atlântico e a margem esquerda do rio Uruguai. Apesar da importância de cada uma delas, adotaremos a mais usual entre os estudiosos da história do extremo sul do Brasil. Havia na região platina três grandes grupos indígenas: guaranis, pampeanos e gês.Antes e mesmo depois da chegada dos europeus, esses grupos indígenas empreenderam movimentos migratórios característicos de seu modo de vida nômade ou semi-sedentário. Migraram também forçados pela presença dos colonizadores e seus descendentes que ocupavam suas terras ou os aprisionavam para escravizá-los.Os mais expressivos exemplos de migrações indígenas ocorreram com os guaranis e os minuanos (estes últimos, indígenas do grupo pampeano). Os primeiros, originários do alto Paraná, chegaram à região platina emduas levas, uma provavelmente no século IV d.C. e outra no século X. Atravessaram o rio Uruguai - expulsando dali os guaianás (do grupo dos gês) para o nordeste do atual território do Rio Grande do Sul - e se fixaram numa extensa faixa de oeste a leste do atual território do Rio Grande do Sul. Os minuanos, por sua vez, no século XVII, se transferiram da região compreendida entre os rios Uruguai e Paraná para o sul do rio Ibicuí.Os guaranisOs guaranis ocupavam as margens da laguna dos Patos, o litoral norte do atual Rio Grande do Sul, as bacias dos rios Jacuí e Ibicuí, incluindo a região dos Sete Povos das Missões. Dominaram também a parte central e setentrional entre os rios Uruguai e Paraná, bem como a parte sul da margem direita do rio da Prata e o curso inferior do rio Paraná.Havia entre os guaranis três subgrupos principais: os tapes ( indígenas missioneiros dos Sete Povos), que ocupavam as margens dos rios a oeste do atual território do Rio grande do Sul e o centro da bacia do rio Jacuí; os arachanes ou patos, que viviam às margens do rio Gauíba e na parte ocidental da laguna dos patos; os carijós, que habitavam o litoral, desde o atual município de São José do Norte até Cananéia, ao sul de São Paulo.Apesar da variedade de dialetos, o tupi-guarani era o tronco lingüístico comum a esses grupos indígenas.Os pampeanosOs pampeanos constituíram um conjunto de tribos que ocupavam o sul e o sudoeste do atual Rio Grande do Sul,a totalidade dos território da República Oriental do Uruguai, os cursos inferiores dos rios Uruguai, Paraná e da Prata. Os subgrupos e tribvos mais conhecidos entre eles foram os charruas, guenoas. minuanos, chanás, iarós e mbohanes. Todos falavam a língua guíchua, com poucas variações dialetais.Os gês (kaingangs)Os gês possivelmente eram os mais antigos habitantes da banda oriental do rio Uruguai. É provável que essas tribos começaram a se instalar no atual Rio Grande do Sul por volta do século II a.C. Ocupavam o planalto rio-grandense de leste a oeste e abrangiam vários subgrupos: coroados, ibijaras, gualachos, botocudos, bugres, caaguás, pinarés e guaianás. Estes últimos, no início do primeiro milênio d.C., foram expulsos pelos guaranis da região posteriormente denominada Sete Povos das Missões.Os gês do atual Rio Grande do Sul foram dizimados pelos bandeirantes, guaranis missioneiros, colonizadores portugueses, brasileiros e ítalo-germânicos. Os grupos que vivem atualmente nas reservas de Nonoai, Iraí, Tenente Portela migraram de São Paulo e Paraná, no século passado, durante a expansão da lavoura cafeeira.São conhecidos desde 1882 por kaingangs ("kaa" = mato; "ingang" = morador), conforme foram denominados genericamente por Telêmaco Borba (o mais importante estudioso e defensor dos indígneas no século passado).
publicado por Roberto Cohen em 13 de Janeiro de 2004. FonteLivro "História do Rio Grande do Sul", autoria de Telmo Remião Moure. Editora FTD Ltda. 1994.

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