terça-feira, 27 de setembro de 2011

ÍNDIA: um país que cresce economicamente, mas que permanece com sérios problemas sociais


QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO



Uma história de amor em um contexto repleto de significações e ressonâncias com os tempos atuais.

Há determinado circo midiático, ou melhor, paixões fervorosas relacionadas aos meios de comunicação, que vêm e pairam sobre o filme Quem Quer Ser Um Milionário?. A primeira, mais superficial, fácil e talvez a mais em voga, está fora do filme: refere-se ao ânimo exacerbado com que a obra foi recebida pela crítica e pelo público especializado. O filme tem uma carreira impressionante, avassaladora e impecável: passou como um trator de esteira por todos os seus concorrentes em todas as grandes premiações do cinema mundial, ganhando praticamente tudo até o momento. Um verdadeiro fenômeno. Entretanto, quando se fala em circo midiático relacionado ao filme, é possível tatear uma conotação mais dinâmica, vislumbrar um elo entre esses tempos de sociedade do espetáculo como a própria temática deste longa, e não só o hype que acomete a repercussão do filme em si. O sucesso nas premiações americanas também surpreende por ser um filme cuja trama está situada em um universo atípico às grandes produções do cinema de Hollywood – emprego de língua estrangeira e presença de atores indianos são somente pontas do iceberg.

Quem Quer Ser Um Milionário? traz a história de um jovem indiano chamado Jamal Malik (interpretado por Dev Patel), pobre, órfão, crescido nas favelas de Mumbai ombro à ombro com criminosos e escroques ao melhor estilo Cidade de Deus, virando-se em mil para sobreviver e ao menos manter sua dignidade perante um ambiente predominantemente hostil. Há seu irmão, Salim, que talvez não compartilhe da mesma integridade, e ainda Latika, sua amiga de infância que tende a tornar-se uma pessoa mais do que especial para o protagonista. O ponto de virada na sua vida reside na oportunidade de participar do programa televisivo “Who Wants to Be a Millionaire?”, onde, em um país assolado pela falta de perspectiva, o programa significa uma rara chance para um único indivíduo perdido na multidão de bilhões de pessoas poder ter alguma prospecção e relevância perante os demais. E não é novidade que, para a natureza humana, o que é o sucesso de uns pode bem ser o desagrado de outros.

Quem lê essa breve introdução talvez deva, com certa razão, achar a trama trivial, além de abismar-se com certa sensação de que lá vem mais um déjà vu incômodo. Não é nada preocupante. O grande mérito do diretor Danny Boyle neste filme, assim como em outros que já dirigiu tendo êxito como Trainspotting - Sem Limites, é o tratamento conferido à história, ou seja, simplesmente o modo como a trama é narrada e o ritmo em que tudo é exposto. Sabiamente neste caso, embora o filme demonstre uma direção original e repleta de flashbacks, Boyle conseguiu fugir do estereótipo do diretor “moderninho”, que quer fazer um quebra-cabeça não-linear repleto de pirotecnias e maneirismos estéticos que são um fim e não um meio para contar uma boa história. Aqui Boyle lançar-se com uma obra tocante, persuasiva e que, em uma bem executada tripla temporalidade (detalhá-las seria fazer um terrível desmancha prazer), alcança e realça um dinamismo na sua forma que é um fator primordial para a tão alardeada qualidade desta produção. Além de ser essencial para esta história.

No início da projeção, quando de imediato percebe-se o predomínio das tonalidades azuis nos becos da periferia, meninos pobres correndo descalços em meios aos casebres de favela, tudo sob o som de uma batucada e visto sob o plano da câmera instável, além da edição ágil, fica mais do que evidente a influência não só do já citado Cidade de Deus, mas de todo o sub-gênero, se é que podemos chamar assim, dos “favela movies” que afloraram no Brasil e ao redor do planeta nestes anos da década de 2000 – ainda que a câmera instável esteja muito longe de ser uma novidade. A Índia exibida é, ao contrário da visão folclórica habitual, um país urbano e culturalmente cosmopolita, igualmente contagiado pelos refrigerantes, pelo dólar e pelas redes de comunicação. Há também a explosão demográfica, o caos da organização social, esta também dominada pelo crime organizado. Mas aos poucos, à medida que a trama vai naturalmente desabrochando e apresentando suas nuances, fica nítido que a intenção não é, primordialmente, levar ao mundo um filme de cunho social, que tem como premissa aquele cinema que quer fazer debate sobre a miséria e a corrupção, mesmo estes sendo componentes da trama. Os protestos que o filme tem gerado na Índia deixam claro que o filme inevitavelmente incomoda e toca em feridas sociais, e, por conseguinte ocasiona discussões referentes a esses tópicos, mas no decorrer das cenas nota-se que a pobreza é apenas o cenário de fundo para, em primeira instância, um filme que aborda uma história de amor. E é exatamente este contexto que fará deste romance entre o jovem casal indiano algo especial.

A motivação do personagem de Jamal ao ir participar do programa de tevê, o “show do milhão” dos indianos, não é o dinheiro, mas sim o amor – convencionalmente é o que público de cinema espera e aceita de todo protagonista “bom caráter”. Ali o personagem teria visibilidade ideal para poder reencontrar-se com a pessoa amada e, por conseqüência, receber o prêmio que lhe possibilitaria poder finalmente concretizar seus sonhos. É exatamente aí que reside mais um ponto, mais um viés de análise para o filme. Será que, para que uma pessoa possa de fato “existir” e ser amada, além de do acúmulo de riquezas financeiras, seja necessário aparecer na mídia, ser popular para ser admirado? Explicando melhor: será que o velho e irônico bordão “consumo, logo existo” foi engolido, ou melhor, complementado pelo “estou na mídia, logo existo?”. O oba-oba das redes de televisão com seus intermináveis reality shows, prometendo uma vida de artista, de fama e fortuna, uma vingança por uma vida menos ordinária, somando-se a paranóia juvenil pela exposição, a necessidade crescente de ter de existir e aparecer em seus incontáveis sites de relacionamentos, blogs, fotologs e companhia não só servem de matéria-prima para este filme de Danny Boyle, como o filme é um direto reflexo desses tempos. Não obstante a luta por dinheiro e visibilidade, estes ainda teriam de ser os meios para se chegar ao amor. Pessoalmente me remeteu a idéia de que Jamal parece estar fadado à sina já cantada pelos Beach Boys em 1966 na música chamada “That’s Not Me”: “I could try to be big in the eyes of the world, what matters to me is what I could be to just one girl” [Eu poderia tentar parecer grande aos olhos do mundo, mas o que me importa é como vou parecer para uma só garota].

Difícil pensar, em 2009, nos fins desta primeira década de novo século, num filme equiparável com tamanho poder de síntese que faz de nossos tempos de hipermídia, de espetacularização da realidade e avalanches de informações desnecessárias. Este é um belo exeplar de obra que é reflexo de sua época. Como já dito, embora aparentemente trivial, Quem Quer Ser Um Milionário? traz uma gama de “infinitas possibilidades” de aspectos para se refletir. O fato de Jamal, não por acaso, trabalhar em um serviço de call center, e conforme aponta o autor Thomas Friedman no livro best seller “O Mundo é Plano” que grande parte dos call centers dos EUA estão na Índia, por si só já permite divagações acerca da globalização. A intertextualidade com o cinema de Bollywood, a gigante indústria de cinema da Índia. A exploração de crianças por quadrilhas para o trabalho infantil – incluindo a mendicância, tráfico de drogas e prostituição. A idéia implícita de que o conhecimento não está estanque em livros, enciclopédias, instituições de ensino, ou mesmo na internet, mas perambulando nas ruas, flertando com a experiência de vida, e que talvez só esse conhecimento seja o verdadeiramente válido para a ascensão também é outro aspecto a se discutir. Inclusive tem se discutido bastante se o que tornou esse filme um sucesso teria sido em virtude do contexto de crise mundial que vivenciamos hoje, onde um personagem, em meio a tantas adversidades (inclusive financeiras), conseguiu superar suas dificuldades em princípio intransponíveis - e esse otimismo seria contagiante. Há também quem diga que a vitória de Jamal reflete o otimismo mundial perante a vitória de Barack Obama. Se é senso de oportunidade ou apenas coincidências, só o tempo irá dizer.

Por fim, a idéia de que tudo e todos estão ligados em uma espécie de rede, um fio condutor que une a realidade a uma espécie de infalível destino, que talvez só os sábios conheçam, por darem ouvidos às suas vozes interiores. O pensador americano Ralph Waldo Emerson dizia que o homem deve aprender a identificar e observar o raio de luz interior que lhe atravessa a mente, mais do que o lustro do firmamento de bardos e sábios. Sem dúvida este é o grande truque de Jamal no jogo da vida. Felizmente o diretor Danny Boyle não fez um filme formulaico, ainda que conte com certos clichês, e dosou muito bem o romance do casal com um contexto muito bem amarrado e coeso com a história de amor central. Esta é, certamente, a riqueza que faz de Jamal um milionário.


Por Juliano Mion, em 11/02/2009

RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE BRASIL E CHINA


Relação comercial com a China é benéfica para o Brasil, diz chanceler




Ministro ressalta superávit comercial do Brasil com o país asiático.
42% das medidas antidumping no país são contra produtos chineses, diz.

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo


O Ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, disse nesta segunda-feira (21) que, em seu conjunto, a relação comercial do Brasil com a China é altamente benéfica para o Brasil.
“Meu papel como chanceler é ver a relação com a China em seu conjunto”, disse, acrescentando que a relação é altamente benéfica ao Brasil, que tem superávit comercial com o país.
O ministro participou nesta segunda de uma reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
De acordo com Patriota, apesar das boas relações com a China, o Brasil pretende aumentar as exportações de produtos de alto valor agregado ao país asiático, que atualmente são, em grande parte, de commodities. Por outro lado, as importações da China são predominantemente de produtos industriais.
Questionado sobre a defesa comercial, o ministro ressaltou que 42% das medidas antidumping aplicadas no Brasil são contra produtos chineses.
No próximo dia 3 de março, o ministro disse que viaja à China com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para debater questões como essas com o governo chinês.

Ver também:

http://educaterra.terra.com.br/vizentini/artigos/artigo_170.htm

http://www.pucsp.br/geap/artigos/art4.PDF

domingo, 25 de setembro de 2011

DOCUMENTÁRIO: NOTÍCIAS DE UMA GUERRA PARTICULAR


Uma análise crítica de um documentário que aborda as inter-relações existentes no ambiente urbano do território brasileiro....

A GUERRA DE TODOS NÓS

Por MARCELO JANOT
14/12/2005

No momento em que o Rio de Janeiro vive a maior crise de violência de sua história, chega às locadoras um DVD que talvez possa ser considerado um dos lançamentos cinematográficos mais importantes do ano: antes restrito a exibições muito esporádicas, o documentário Notícias de Uma Guerra Particular, de Katia Lund e João Moreira Salles, realizado em 1998/99, agora está disponível para aqueles que quiserem entender um pouco mais a fundo porque vivemos à mercê do medo e da insegurança, no meio de um triângulo nefasto composto por políticos demagogos, polícia corrupta e bandidagem inescrupulosa.

A “guerra particular” a que o título se refere, extraído de uma frase do ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel, é o combate sem trégua entre policiais e traficantes nas favelas cariocas. O filme, realizado sob encomenda da TV francesa, causou impacto na época em que foi lançado por permitir que o espectador do asfalto tivesse acesso ao que se passa no morro sem a abordagem sensacionalista e maniqueísta oferecida pelos veículos de imprensa. Katia e João ouviram do já citado capitão do BOPE ao gerente de tráfico do Morro Dona Marta, Adriano. Depoimentos como o de Gordo, um dos fundadores do Comando Vermelho, de Paulo Lins (em sua primeira entrevista, muito antes do sucesso de Cidade de Deus) e do chefe da Polícia Civil, Helio Luz, traçam um histórico do desenvolvimento do tráfico nas favelas e como ele se encaminhava rumo à barbárie que vemos nos dias de hoje.

Embora algumas das imagens (muitas de arquivo de TVs ou emprestadas de outros documentários) impressionem, como a do jovem soldado do morro apresentando sua farta artilharia, ou a do confronto entre policiais e traficantes à luz do dia, é nos depoimentos que reside a força de Notícias de Uma Guerra Particular, e que infelizmente nos faz perceber, seis anos depois, que não é com atitudes desesperadas tipo blindar o carro ou defender o porte de armas que vamos viver num Rio de Janeiro mais seguro.

Os extras do DVD incluem a ótima faixa de comentário, em que é possível rever o filme e entender a estrutura e os bastidores do documentário com Katia Lund e João Moreira Salles respondendo as perguntas inteligentes do cineasta Eduardo Coutinho e do nosso companheiro de Críticos.com.br, Carlos Alberto Mattos. Estão presentes também a íntegra de algumas entrevistas realizadas para o filme, inclusive a do General Nilton Cerqueira (que ficou de fora), com destaque absoluto para a do músico, “filósofo” e morador da favela Adão Xalebaradã, que virou até tema de curta-metragem do irmão de João, Walter Salles.

Como se isso tudo não bastasse, o filé mignon vem agora: o DVD traz também o documentário Santa Marta: Duas Semanas no Morro, de Eduardo Coutinho, rodado em 1987. Comparando os dois filmes (que têm um intervalo de 11 anos) e os dias de hoje, é assustador ver como a situação se deteriorou. O vídeo de Coutinho deixa muito claro como a força que o tráfico adquiriu nos dias de hoje se deve, em grande parte, à deterioração da relação entre a polícia e os moradores da favela. Se há quase 20 anos, como mostram os depoimentos dos favelados, a polícia já cometia todo tipo de abuso contra os moradores do morro, não é de se estranhar que ao longo desse tempo os traficantes tenham assumido o papel de “defensores da comunidade”, e essa evolução está bem clara nos dois documentários.

Ao mostrar o cotidiano dos moradores da favela, Santa Marta: Duas Semanas no Morro nos revela um período em que quase não se falava da presença de traficantes e “chefes do morro”, como se eles simplesmente não existissem. O foco das reclamações dos moradores estava no tratamento ruim que eles recebiam da polícia em suas incursões ao morro e também na esperança de um futuro em que as desigualdades entre a favela e o asfalto fossem um pouco menores. Um jovem franzino de olho meio puxado elogiava as meninas do morro, mais “liberais”, e reclamava que gostaria de ser desenhista profissional “caso as universidades dessem chance aos pobres”. Este mesmo jovem se transformaria alguns anos depois em Marcinho VP, chefe do tráfico do Dona Marta, e foi com ele que João Moreira Salles conversou e pediu autorização para poder rodar Notícias de Uma Guerra Particular. Acreditando que Marcinho ainda poderia se regenerar e voltar a ser aquele de 1987, lhe ofereceu uma bolsa mensal para que ele escrevesse um livro e largasse o tráfico. O livro nunca foi escrito, Marcinho foi preso e em 2003 foi encontrado morto dentro de uma lixeira no presídio de Bangu 3, onde cumpria pena.

Observações: A desigualdade social existente no território nacional é uma das principais causas da violência, bem como a urbanização desordenada ao qual o filme refere-se....

Crescimento Populacional - Censo 2010


Somos 190.732.694 pessoas em todo o Brasil. Esse é o resultado do Censo 2010 divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em dez anos, o aumento da população foi de 12,3%, em números absolutos isso significa 20.933.524 pessoas. O crescimento foi inferior ao observado na década anterior. Entre 1991 e 2000, a população brasileira aumentou 15,6%.

(O IBGE divulgou em seu site uma apresentação dos dados. Clique aqui para baixar o arquivo, em pdf, com 1,29 MB.)

A Região Sudeste ainda é a mais populosa do Brasil, com 80.353.724 pessoas. São Paulo é o estado mais populoso, com 41.252.160 pessoas. Já Roraima é o estado menos populoso, com 451.227 pessoas. Veja quadros no final desta reportagem com o número da população por estados e por municípios.

A população está mais feminina. São 97.342.162 mulheres e 93.390.532 homens. As mulheres superam em mais 3,9 milhões o número de homens. Existem 95,9 homens para cada 100 mulheres. Em 2000, para cada 100 mulheres, havia 96,9 homens. Entre os municípios, o que tinha maior percentual de homens era Balbinos (SP), com 82,2%. Já o que tinha maior percentual de mulheres era Santos (SP), com 54,25%.

O IBGE divulgou a população de todas as 5.565 cidades, com a variação verificada entre 2000 e 2010. O G1 preparou um infográfico com todos esses dados (no mapa ao lado, cidades em verde tiveram o maior crescimento na década, e cidades em vermelhor, o menor;

De acordo com o IBGE, o Censo 2010 apurou que existiam 23.760 brasileiros com mais de 100 anos. A data de referência da pesquisa é 1º de agosto. Bahia é o estado com mais centenários (3.525), seguido por São Paulo (3.146) e Minas Gerais (2.597).

Mudança no ranking
Houve mudanças no ranking dos dez municípios mais populosos do país, com Brasília, que pulou do 6º para 4º lugar e Manaus, que saiu do 9º para 7º, ganhando posições. De acordo com o IBGE, Brasília tem hoje 2.562.963 habitantes e Manaus, 1.802.525.

Belo Horizonte, Curitiba e Recife perderam posições na comparação com o censo realizado em 2000. No levantamento antigo, essas capitais ocupavam as posições de número 4, 7 e 8, respectivamente. Em 2010, passaram para as posições 6, 8 e 9.

Dezenove municípios mais que dobraram a população, desde 2000. O município que apresentou maior crescimento foi Balbinos (199,47%), em São Paulo . Há dez anos, eram 1.313 habitantes. Em 2010, o número passou para 3.932.

Na relação dos municípios que tiveram maior crescimento no número de habitantes, aparecem ainda Rio das Ostras (190,39%) , no Rio de Janeiro; e Pedra Branca do Amapari (168,72%), no Amapá .

Outros 1.520 municípios apresentaram queda no número de habitantes. Os cinco que tiveram maior redução foram: Maetinga (BA), Itaúba (MT), Severiano Melo (RN), Ribeirão do Largo (BA) e Esmeralda (RS).

Urbana e rural
A população está mais urbanizada que há 10 anos. Em 2000, 81% dos brasileiros, ou 137.953.959, viviam em áreas urbanas, agora são 84%, que representam 160.879.708.

Em 2010, entre os municípios, 67 tinham 100% de sua população vivendo em situação urbana e 775 com mais de 90% nessa situação. Por outro lado, apenas nove tinham mais de 90% de sua população vivendo em situação rural. Em 2000, entre os municípios, 56 tinham 100% de sua população vivendo em situação urbana e 523 com mais de 90% nessa situação. Por outro lado, 38 tinham mais de 90% vivendo em situação rural e o único município do país a ter 100% de sua população em situação rural era Nova Ramada (RS).


FONTE: G1notícias


Observação: percebe-se que as teoria malthusianas não confirmaram-se, como também observação que a taxa de crescimento populacional do Brasilé menor em relação ao censo de 2000.

SEGREGAÇÃO ESPACIAL

Um olhar sincero sobre a segregação espacial.....

Renato Saboya

“É impossível esperar que uma sociedade como a nossa, radicalmente desigual e autoritária, baseada em relações de privilégio e arbitrariedade, possa produzir cidades que não tenham essas características”. (MARICATO, 2001, p. 51)

Villaça (2001) argumenta que uma das características mais marcantes das metrópoles brasileiras é a segregação espacial das classes sociais em áreas distintas da cidade. Basta uma volta pela cidade – e nem precisa ser uma metrópole – para constatar a diferenciação entre os bairros, tanto no que diz respeito ao perfil da população, quanto às características urbanísticas, de infra-estrutura, de conservação dos espaços e equipamentos públicos, etc.

“[...] a segregação é um processo segundo o qual diferentes classes ou camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou conjuntos de bairros da metrópole.” (VILLAÇA, 2001, p. 142 – grifo no original).

E no entanto, a segregação urbana traz inúmeros problemas às cidades. O primeiro é, obviamente, a desigualdade em si. Camadas mais pobres da população, com menos recursos, são justamente as que gastam mais com o transporte diário, que têm mais problemas de saúde por conta da falta de infra-estrutura, que são penalizadas por escolas de baixa qualidade, e assim por diante. A própria segregação é não apenas reflexo de uma condição social, mas um fator que contribui para tornar as diferenças ainda mais profundas.

Além disso, a segregação tende a enfraquecer as relações sociais, o contato com o diferente e a tolerância. Crianças criadas em condomínios fechados muitas vezes não têm praticamente nenhum contato com as áreas mais pobres da cidade. Que tipo de visão ela terá sobre as desigualdades sociais no futuro? Como ela irá encarar essa desigualdade, e a que causas atribuirá? Será que terá o desejo de contribuir para diminuí-la, e como poderá fazer isso?

Com isso vem a violência. A segregação espacial aumenta a sensação de desigualdade e pode contribuir para uma maior violência urbana.

Observação: São consequências de uma urbanização desordenada, como também a diferenciação entre hegemonizados e hegemonicos...