quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O DESERTO VERDE

Deserto verde 

VIA - http://www.ecolnews.com.br/desertoverde/index.html



A expressão "deserto verde" ganhou ampla destaque na mídia nacional e internacional, especialmente na rede mundial de computadores, na denominada "mídia alternativa". O que é afinal o "deserto verde" e como podemos conceituá-lo para vincular e compreender os assuntos a ele pertinentes? Temos no Brasil como em nenhuma parte do resto do mundo, imensas propriedades especializadas no cultivo de um só produto, com alta tecnologia, mecanização - às vezes irrigação - pouca mão-de-obra, e por isso, falam com orgulho que conseguem alta produtividade do trabalho. Tudo baseado em baixos salários, uso intensivo de agrotóxicos e de sementes transgênicas. Voltado para exportação, principalmente para indústria de papel e celulose, o deserto verde vem crescendo a partir da produção principalmente de eucaliptos e de soja e tem se expandido por diversas regiões do Brasil. Com relação ao eucalipto, atualmente 100% da produção de papel e celulose no Brasil emprega matéria-prima de áreas de reflorestamento, sendo de eucalipto (65%) e pinus (31%). Entretanto, longe estamos de poder chegar à conclusão de que podemos ficar tranqüilos e que há preservação ambiental. Segundo a consultora de meio ambiente do Idec, Lisa Gunn, utilizar madeira de área reflorestada é sempre melhor do que derrubar matas nativas, mas isso não quer dizer que o meio ambiente está protegido. "Quando o reflorestamento é feito nos moldes de uma monocultura em grande extensão de terras, não é sustentável porque causa impactos sociais e ambientais, como pouca oferta de empregos e perda de biodiversidade". Sob o argumento de reflorestamento, criam-se verdadeiros desertos verdes de produção de madeira para fábricas de celulose. O eucalipto é a principal espécie dessa estratégia e danifica o solo de forma irreparável: uma vez plantado, não é possível retomar a fertilidade da terra e seus minerais. Além disso, as raízes do eucalipto penetram nos lençóis freáticos, prejudicando o abastecimento de água das regiões. Cada pé de eucalipto é capaz de consumir 30 litros de água por dia. De acordo com algumas pesquisas científicas, a monocultura do eucalipto, por exemplo, consome tanta água que pode afetar significativamente os recursos hídricos. Segundo Daniela Meirelles Dias de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, organização não-governamental que atua na área sócio-ambiental, só no norte do Espírito Santo já secaram mais de 130 córregos depois que o eucalipto foi introduzido no estado. Outro indício da devastação e do desequilíbrio ambiental causados pelo plantio de eucalipto é o assoreamento dos rios, hoje praticamente secos, uma vez que a espécie consome muita água. A falta d'água não aflige só os animais, como também impede a produção de qualquer tipo de alimento. O amendoim cresce raquítico, o feijão não se desenvolve, o milho não nasce, deixando claro que a improdutividade da terra generalizou-se para além das áreas onde estão as plantações de eucalipto. O plantio de eucalipto em locais de baixa umidade chegou a secar poços artesianos com até 30 metros de profundidade, deixando a população local sem água. O eucalipto tem alto consumo de água, pois tem uma grande evapotranspiração, podendo ressecar o solo, secar olhos d’água, baixar o lençol freático, secar banhados, diminuir a água dos pequenos córregos e riachos, etc. As fábricas de celulose são também grandes consumidoras de água, com uso de muitos produtos químicos para o branqueamento da celulose, tendo sempre presente o risco de acidentes ambientais. Outro impacto ambiental causado pelo monocultivo do eucalipto é a redução da biodiversidade da flora e da fauna. O eucalipto causa também a degradação da fertilidade dos solos, exigindo grandes investimentos de recuperação posterior à colheita e compactação pelo uso de máquinas pesadas. A mentira da geração de emprego Pelos dados do IBGE, nas fazendas acima de 2 mil hectares há apenas 350 mil trabalhadores assalariados. Bem menos do que os 900 mil assalariados que a pequena propriedade emprega. Ou seja, o modo de produzir da fazenda do agronegócio, que se moderniza permanentemente, expulsa mão-de-obra do campo, ao invés de gerar emprego aos trabalhadores. Um recente estudo sobre empregos realizado nas regiões de atuação de uma destas empresas no Estado do Espírito Santo aponta que a Aracruz, na época que buscava financiamento, afirmava que cada hectare de plantação de eucalipto geraria em média quatro empregos diretos, portanto, com seus 247 mil hectares plantados deveria gerar 988 mil empregos. No entanto, gerou apenas 2.031, segundo dados de 2004. As pesquisas indicam que desde 1989 até os dias de hoje esta empresa gigantesca gerou 8.807 postos de trabalho, dos quais 2.031 diretos e 6.776 indiretos. Chama a atenção que em 1989 os empregos diretos eram 6.058, duas vezes mais que hoje e que desde que se iniciou a contar os indiretos em 1997, o número passou de 3.706 para quase a metade. Insegurança para o meio ambiente Ao negligenciar medidas de segurança, as indústrias de papel também ficam vulneráveis a acidentes ambientais graves, como ocorreu há pouco mais de um ano na Fábrica Cataguazes de Papel, em Cataguazes (MG). O rompimento de uma lagoa de tratamento de efluentes provocou o derramamento de cerca de 1,2 bilhão de litros de resíduos tóxicos no Córrego Cágados, que logo chegaram aos rios Pomba e Paraíba do Sul. A contaminação atingiu oito municípios e deixou cerca de 600 mil habitantes sem água. Com a morte dos peixes, pescadores e populações ribeirinhas ficaram sem seu principal meio de subsistência. Na Ciência vale tudo? Um dos fatores que fez a grande imprensa ficar raivosa foi a ação das camponesas ter “destruído anos de pesquisa”. E aqui cabe a pergunta: toda pesquisa é para o bem da humanidade? Toda pesquisa é isenta? Seria então errado lutar contra as “pesquisas” levadas a cabo pelo nazismo durante a II Guerra Mundial? Ou então as pesquisas, feitas sem questionamentos por parte dos cientistas, que inventaram a bomba atômica? No dia-a-dia e bem mais próximo de nós estão as pesquisas, muito modernas, patrocinadas pelas grandes empresas de agrotóxicos e produtos geneticamente modificados. São pesquisas que realmente oferecerão vida melhor para a humanidade ou somente aumentarão os lucros de quem as patrocina? Pesquisas que não levam em consideração o meio ambiente e a soberania alimentar dos povos não são úteis para a humanidade. Segundo editorial da ONG FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional, “o silêncio sobre os direitos e sobre as alternativas produtivas e científicas constitui uma base de apoio sólido para a intenção permanente de criminalizar os sujeitos da emancipação social que, ao defenderem a realização dos direitos constitucionais, são atingidos pelos mecanismos de repressão do Estado”. Vergonha internacional O debate sobre deserto verde, no Brasil, não surgiu do nada. É um assunto que cresce assim como aumentam as áreas de eucaliptos, plantadas em terras que em geral são arrancadas a ferro e fogo de seus donos originais pela empresa Aracruz Celulose. A Aracruz Celulose é líder mundial na produção de celulose branqueada de eucalipto, fabricando aproximadamente 2,4 milhões de toneladas por ano. Responde por cerca de 30% da oferta global do produto. Seu controle acionário é exercido pelos grupos Lorentzen, Safra e Votorantim (28% do capital votante cada) e pelo BNDES (12,5%). Dedicando-se precipuamente à produção e pesquisa de eucaliptos, a empresa possui plantações nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que somam aproximadamente 261 mil hectares de plantios de eucalipto. Aqui no Brasil a grande imprensa preferiu defender a empresa. Na Europa, a família real sueca se sensibilizou com as denúncias sobre as ações da Aracruz Celulose no Espírito Santo. A denúncia foi veiculada na imprensa mundial logo após violenta ação da Polícia Federal contra os índios, em cumprimento a uma liminar da Justiça em favor da empresa. A decisão da Justiça não considerou inúmeras denúncias que lhe foram apresentadas de que a Aracruz Celulose tomou as terras dos índios durante a ditadura militar, e as explora até hoje. Pressionado pela opinião público e vigorosos protestos contra a empresa, a família real colocou à venda suas ações da Aracruz. Principais críticas aos grandes projetos de celulose: Problemas ambientais já citados acima; Concentração da terra, com expulsão imediata dos agricultores que as venderam. Mostra que as empresas não querem ficar dependentes de parcerias; É mais um obstáculo para o avanço da Reforma Agrária nesta região; Modelo de concentração de terra, de capital e da renda; Modelo exportador, cujos impostos já estão todos desonerados pela lei Kandir, contribuindo muito pouco para os cofres públicos dos municípios e do Estado; Não gera emprego, como demonstrado acima, pelo contrario diminui postos de trabalho; Vai gerar vazios populacionais, como no Espírito Santo; O plantio de culturas anuais em consórcio, com o eucalipto, apregoado pelas empresas, só é possível nos dois primeiros anos, pois nos anos subseqüentes a competição por luz, água e nutrientes, inviabiliza as culturas anuais. Os investimentos nas grandes fábricas de celulose estão desvinculados da matriz produtiva já existente, instalada na região.

SE A VEGETAÇÃO FAZ BEM PARA A HUMANIDADE, POR QUE A MONOCULTURA DE EUCALIPTOS NÃO FAZ?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ENVELHECIMENTO DA POPULAÇÃO GAÚCHA

Envelhecimento acelerado da população desafia cidades gaúchas Rio Grande do Sul já tem 9,3% da população com mais de 65 anos, patamar que o resto do país só atingirá em 2020



Menos crianças correndo e brincando no parque e mais pessoas de cabelo grisalho circulando pelas ruas de bengala em punho. Esse é o cenário que se desenha para o Brasil de 2030. No Rio Grande do Sul, ainda antes. Com 9,3% da população com 65 anos ou mais, os gaúchos já apresentam um padrão etário que o país como um todo só atingirá em 2020, conforme projeções preliminares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2010. Em países europeus, foram necessários mais de 100 anos para que a porcentagem de idosos aumentasse de 7% para 14%, caminho que será percorrido pelo Brasil em apenas duas décadas. O problema é que, por aqui, o envelhecimento da população anda mais rápido que o desenvolvimento econômico, desafiando as cidades — principalmente as gaúchas — a pensarem, desde agora, estratégias para adequar infraestrutura, serviços e produtos para uma geração que tem cada vez menos filhos e esperança de vida cada vez mais longa.

Quais as políticas que deverão ser adotadas para que o envelhecimento da população gaúcha não se torne um recesso econômico?

terça-feira, 9 de outubro de 2012

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UTOPIA OU REALIDADE?



Por WWF - Brasil

O que é desenvolvimento sustentável? 

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. 

O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? 
 Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente. Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. 

SAIBA MAIS... 
Conheça as ações de apoio ao desenvolvimento sustentável do WWF-Brasil Descubra como ter hábitos mais sustentáveis Blog sobre desenvolvimento sustentável PEGADA ECOLÓGICA Descubra qual é o impacto do seu estilo de vida. Faça o teste! Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos? O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados. Mesmo porque não seria possível. Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados. Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial.

"" A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."" (Eduardo Galeano)

Atividade:

Relacione os conhecimentos sobre o desenvolvimento sustentável com a ideia de utopia de Eduardo Galeano e crie a sua própria teoria.

RESERVAS INDÍGENAS NO TERRITÓRIO DO RIO GRANDE DO SUL

MATA ATLÂNTICA E ÁREAS INDÍGENAS 

De acordo com o Inventário Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul realizado em 2001 pela Universidade Federal de Santa Maria, houve um grande aumento das áreas florestadas no Estado, resultado principalmente do abandono de áreas rurais, maior rigor na aplicação da legislação ambiental e avanço da educação ambiental de modo geral. Dos 17,5% de florestas nativas remanescentes no Estado, 13,5% são de florestas naturais em estágio avançado e médio de regeneração e 4,0% são de florestas naturais em estágio inicial de regeneração. Além disso, em 1992 a UNESCO declarou as áreas remanescentes de Mata Atlântica, que abrangem cerca de 29.000.000ha do território nacional e 434.193ha no território estadual, como Reserva da Biosfera, reconhecendo a situação desta floresta tropical como a mais ameaçada do planeta. O Estado conta ainda com áreas de reservas indígenas, as quais também contribuem para a preservação de importantes ecossistemas. Ao todo são 21 áreas criadas e delimitadas, ocupando cerca de 90.032ha que abrigam aproximadamente 12.033 habitantes dos grupos indígenas Mbyá Guarani e Kaingang. Outras 6 áreas estão em processo de estudo e delimitação pelo INCRA.



Como poderemos preservar a cultura indígena e a cobertura vegetal da Mata Atlântica?

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A SITUAÇÃO DO NEGRO

Uma pequena amostra da situação dos escravos nos navios negreiros a partir de um trecho dos escritos do "Navio Negreiro" de Castro Alves.

Navio Negreiro

Castro Alves

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço   
Brinca o luar — dourada borboleta;   
E as vagas após ele correm... cansam   
Como turba de infantes inquieta.   
'Stamos em pleno mar... Do firmamento   
Os astros saltam como espumas de ouro...   
O mar em troca acende as ardentias,   
— Constelações do líquido tesouro...   
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos   
Ali se estreitam num abraço insano,   
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...   
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...   
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas   
Ao quente arfar das virações marinhas,   
Veleiro brigue corre à flor dos mares,   
Como roçam na vaga as andorinhas...   
Donde vem? onde vai?  Das naus errantes   
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?   
Neste saara os corcéis o pó levantam,    
Galopam, voam, mas não deixam traço.   
Bem feliz quem ali pode nest'hora   
Sentir deste painel a majestade!   
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...   
E no mar e no céu — a imensidade!   
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!   
Que música suave ao longe soa!   
Meu Deus! como é sublime um canto ardente   Pelas vagas sem fim boiando à toa!   
Homens do mar! ó rudes marinheiros,   
Tostados pelo sol dos quatro mundos!   
Crianças que a procela acalentara   
No berço destes pélagos profundos!   
Esperai! esperai! deixai que eu beba   
Esta selvagem, livre poesia   
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,   
E o vento, que nas cordas assobia...   
..........................................................   
Por que foges assim, barco ligeiro?   
Por que foges do pávido poeta?   
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira   
Que semelha no mar — doudo cometa!   
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,   
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,   
Sacode as penas, Leviathan do espaço,   
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas.